A REVOLUÇÃO REPUBLICANA DE 31 DE JANEIRO, por Ruy Luís Gomes (1)
A REVOLUÇÃO REPUBLICANA DE 31 DE JANEIRO
Contra a ideia republicana em Portugal nada pode coisa alguma; nada a diminui, nada a destrói, nem sequer os nossos próprios erros, porquanto ela é a condição histórica e actual imprescindível da nossa nacionalidade.
Sampaio Bruno
A meu Pai
Ministro do Governo Provisório, que, na grandiosa sessão comemorativa da implantação da República, realizada no Porto, na noite de 5 de Outubro de 1955, afirmou a sua confiança inabalável na capacidade política do Povo Português.
A revolução de 31 de Janeiro de 1891 integra-se no movimento patriótico desencadeado pelo ultimatum que o governo inglês dirigiu ao governo português em 11 de Janeiro de 1890. E esse conflito com a Inglaterra insere-se, por sua vez, no plano de expansão imperialista executado pela Europa Ocidental (1) durante a segunda metade do século XIX e que para nós se traduziu na ocupação, pela força, de territórios do Continente Africano, então sob a dominação portuguesa.
Portanto, para compreender o 31 de Janeiro e a actualidade que ele hoje tem, apesar de fracassado como movimento revolucionário, é essencial caracterizar a situação do nosso país do ponto de vista das suas relações económicas com a Europa Ocidental.
E o estudo dessas relações económicas colocar-nos-á também perante a importância do Brasil como factor de compensação dos pesadíssimos défices da balança comercial e da balança financeira da Monarquia.
Cingir-nos-emos, como é natural, ao último quartel do séc. XIX e começaremos por dar alguns elementos sobre a nossa estrutura económica e o sentido da sua evolução na vizinhança de 31 de Janeiro de 1891.
(l) Designamos assim o conjunto dos quatro países industrializados — Inglaterra, Bélgica, Alemanha e França — pois são estes que desempenham papel primacial no fornecimento combinado de capitais e bens de consumo, em troca de trabalho e riquezas naturais.
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