Monday, January 30, 2006

Artigos sobre António Aniceto Monteiro de Hugo Ribeiro, Ruy Luís Gomes e Luís Neves Real

Friday, January 27, 2006

Ficha 17.128 da PIDE

Tuesday, January 24, 2006

Sessão evocativa do centenário do nascimento de Ruy Luís Gomes, no Porto


25 de Janeiro, quarta-feira, 18 horas
Auditório do Centro de Trabalho da Boavista do PCP
(Intervenções de António Machiavelo, Manuel Gusmão, Rogério Reis)

Monday, January 23, 2006

Transiberiano


Friday, January 20, 2006

Excertos de "A revolução republicana de 31 de Janeiro"


A revolução republicana de 31 de Janeiro

A meu Pai
Ministro do Governo Provisório, que, na grandiosa sessão comemorativa da implantação da República, realizada no Porto, na noite de 5 de Outubro de 1955, afirmou a sua confiança inabalável na capacidade política do Povo Português.


(...)
Quanto ao horário de trabalho ia de sol a sol e às vezes ainda entrava pela noite dentro.
Mas fixemos bem esta passagem do inquérito (...): “Crianças de ambos os sexos, desde os 7, desde os 8, desde os 9 anos, são obrigadas a um trabalho que começa com o dia e, se de verão acaba com ele, de inverno portrai-se até às 8 horas da noite. Em regra, tudo é analfabeto, habitualmente as mulheres passam de mão em mão. Um fabricante disse-nos que em vendo um operário a ler punha-o na rua, outro que na sua fábrica as mancebias começavam aos 13 anos. Confessou-se-nos tudo isto de um modo natural e simples”.
Este trecho mostra que os operários não eram tratados como seres humanos; comprava-se-lhes a força de trabalho como qualquer outra mercadoria obedecendo à lei da oferta e da procura. Aquela era abundante e, portanto, barata (...).
Mas os operários reagiam contra este regime de trabalho por intermédio das suas associações de classe, da sua organização partidária, socialista, e fazendo os seus movimentos reivindicativos do horário das 8 horas.
(...)
Em 1888, rebenta outro grande movimento de paralização de trabalho, como resistência a uma disposição de lei, da autoria do ministro da Fazenda, Mariano de Carvalho, pela qual os operários tinham de pagar uma licença para poderem trabalhar (...). Era, afinal, um processo de arranjar receitas para o Estado, quase do mesmo género de um projecto de capitar cada emigrante em vinte mil réis de multa, certamente com o pretexto de diminuir a emigração (...).
(...)
O défice é, efectivamente, outra constante da política da minoria dominante, atingindo na gerência 1889-1890 a soma impressionante de 14 950 contos juntamente com uma dívida pública de valor nominal de 592 mil contos (...).
(...)
E a preocupação demagógica de apresentar um orçamento equilibrado dentro de um tal condicionalismo económico conduzia a coisas como esta: “A associação comercial de uma importante cidade portuguesa sugeriu o conspícuo alvitre de que se passe a capitar cada emigrante em vinte mil réis de multa” (...); do mesmo modo que, em 1888, o ministro da Fazenda, Mariano de Carvalho, recorreu ao célebre decreto das licenças como fonte de receitas!
No próprio ministério das Finanças eram tais os malabarismos para se conseguir esconder (...) o défice permanente, que “se inventou uma palavra para designar o crime de falsificar a escrituração pública, e que se chama amavelmente rindo, de orçamentologia”. E o insuspeitíssimo Anselmo de Andrade exprime-se em termos idênticos – “cada orçamento novo é sempre, entre nós, uma máscara também nova num perpétuo carnaval financeiro” (...).
Na realidade, o que mantinha a classe dominante era a máquina aspirante-premente dos impostos e empréstimos, uns e outros arrancados, de facto, ao Povo Português – trabalhando aqui ou no Brasil como emigrante – mediante as facilidades dadas à penetração do capital estrangeiro.
Consequentemente, quando havia uma redução substancial na remessa de cheques dos “brasileiros”, como sucedeu a seguir à proclamação da República do Brasil em 15 de Novembro de 1889, ou se dava uma retracção de crédito junto da finança da Europa Ocidental, por incidência da própria política internacional, entrava em crise o mecanismo em que se apoiava a minoria dominante.
E, actuando simultâneamente as duas causas, podia chegar-se à bancarrota...
Foi precisamente o que sucedeu em 1891-1892: por um lado, a guerra civil no Brasil, em que Portugal apoiou os elementos mais reaccionários, criou dificuldades ao envio dos cheques via Londres e, por outro, a falência da casa Baring Brothers, banqueiros da Monarquia, fechou-nos as portas a novos empréstimos. Deu-se a derrocada financeira.
(...)
Mas se é verdade que, relativamente a um país de economia depressiva como a nossa, a Inglaterra, a Bélgica, a Alemanha, a França, países industrializados, se comportavam afinal como componentes de um todo, absorvente, a Europa Ocidental, também não podemos abstrair dos conflitos que necessariamente surgiram entre eles e connosco. Todos precisavam de abrir caminho à sua expressão imperialista, que efectivamente se concretiza, só no último quartel do séc. XIX, seu período áureo (...).
(...)
Luciano Cordeiro (...), discursando na Câmara dos Deputados, na sessão de 14 de Junho de 1885, em defesa da posição tomada como principal perito da delegação portuguesa à conferência de Berlim, sintetizava assim a questão do expansionismo da Europa Ocidental: “Excesso de população, excesso de produção: estes dois factores fundamentais de colonização moderna, agitavam fortemente a economia e a política do velho mundo europeu, à maior parte da qual, diga-se de passagem, faltava um terceiro termo, que há-de emparelhar-se àqueles, e que nós possuímos, sem ter sabido aproveitá-lo até agora: excesso de territórios”.
E é curioso verificar como estas palavras de há setenta anos contêm já o essencial da célebre teoria do espaço vital, invocada sistematicamente por Hitler...
Na realidade, não era a Europa Ocidental como conjunto de países com os seus problemas nacionais, autênticos, que estava em causa; nem o expansionismo imperialista pode ser justificado com o argumento de necessidade imperiosa de colocar um excesso de população e um excesso de produção.
O expansionismo imperialista foi imposto por um certo tipo de economia, o capitalismo, para conquistar novos mercados e novas fontes de matérias primas e, a partir dessas conquistas, obter uma exploração económica mais vantajosa ainda.
A argumentação de Luciano Cordeiro envolve, pois, uma redução do imperialismo a uma política, compreensiva, de salvação nacional (para cada um dos países industrializados); quando é certo que o imperialismo foi apenas uma política, violenta, de salvaguarda dos interesses da classe economicamente dominante de cada um deles.
(...)
Efectivamente, vivendo o nosso país em regime de economia depressiva, como já tivemos ocasião de mostrar, havia uma cisão profunda entre os interesses da grande maioria da população – sector colonizado – e os interesses da classe dominante – sector colonizante.
Se, para os primeiros, os progressos do imperialismo europeu se traduziam num acréscimo de pressão colonizante, para os segundos, eles implicavam um perigo muito grave – o e por a nu os seus compromissos com o próprio imperialismo que eram obrigados a combater... Tenhamos bem presente que era um mesmo conjunto de imperialismos – A Europa Ocidental – que actuava em África e ao mesmo tempo fazia a penetração económica na metrópole.
(...)
O Ultimatum, de 11 de Janeiro de 1890, situava-se efectivamente “na onda dos empreendimentos modernos”, forma velada de designar o imperialismo inglês.
(...)
Perante a acção da Inglaterra, a classe dominante encontrou-se inteiramente isolada da Nação.
Dá-se então uma verdadeira mobilização da consciência nacional, realizando-se em todo o País, e especialmente em Lisbos, manifestações grandiosas, em que participam largamente a pequena burguesia, os estudantes e as massas operárias. E essas manifestações dirigem-se ao mesmo tempo contra a Inglaterra e contra o governo da monarquia.
Este, porém, aceita as condições impostas pelo imperialismo inglês, e mudando embora de representantes, inicia uma série de medidas antidemocráticas, de repressão das manifestações, mostrando assim que a sua maior preocupação era impedir que o Povo reduzisse a uma causa única – o imperialismo – os acontecimentos em África e a sua situação de miséria na metrópole.
Fazer essa redução, dar esse passo no sentido do esclarecimento das verdadeiras causas da economia depressiva do País, seria tomar consciência das ligações de dependência entre a minoria dominante e o próprio imperialismo e, portanto, por em dúvida a legitimidade da Monarquia como intérprete do interesse nacional, abrindo caminho à revolução.
Mas, num país subdesenvolvido como o nosso, com tão reduzida percentagem da população empregada no sector industrial e com uma pequena burguesia ainda tão desinteressada dos grandes problemas filosóficos e científicos da civilização industrial, num país assim distanciado da Europa Ocidental, não era de esperar que se fosse mais longe, até à transformação de um sentimento colectivo, nacional, num movimento revolucionário contra a classe dominante. E, efectivamente, o Ultimatum não foi seguido da queda da Monarquia.
(...)
Basílio Teles procurou uma explicação para a dissolução tão rápida, da Liga Patriótica do Norte, e não deixa de ser interessante registar aqui as suas palavras: “Isto significa uma grande verdade, tantas vezes esquecida pela História – que nas épocas de aguda crise, só um partido, pela limpidez dos seus princípios, pela força da sua organização e disciplina, é susceptível de salvar uma pátria, refreando os insofridos, desviando os pusilânimes, abatendo os intrigantes”.
(...)
E, para que a Revolução triunfasse, faltou apenas a unidade das forças democráticas e das forças operárias.
(...)
Ora, o problema da unidade das forças democráticas e das forças operárias era anterior à revolução, e o que se impunha era uma plataforma prévia de objectivos de modo a chegar a um só programa. E, para isso, era indispensável transpor as divergências entre umas e outras, conquistando o apoio das forças operárias para a obtenção das liberdades democráticas e inscrevendo no manifesto das forças democráticas a principal reivindicação daquelas, ou seja, o regime das oito horas de trabalho.
Não se tendo feito esta unidade antes da revolução, dificilmente se conseguiria, como não se conseguiu, a intervenção das massas trabalhadoras, na altura em que o plano revolucionário já demonstrava as suas insuficiências. Mas, o que se impõe cada vez mais é a actualidade de 31 de Janeiro de 1891.
Na verdade, trata-se de uma revolução em que a luta pela independência nacional e pela liberdade anda estreitamente ligada à luta contra o imperialismo. E, por outro lado, constitui um exemplo bem significativo de como a unidade das forças democráticas e das forças operárias é condição essencial do triunfo do Povo.
Nisto consiste o seu valor de antecipação, o seu grande interesse.

Edição do autor, 1956.
Ver:

Thursday, January 19, 2006

Virgínia Moura e Maximiano Silva, amigos de Ruy Luís Gomes (notícias dos falecimentos)

Wednesday, January 18, 2006

3º Congresso da Oposição Democrática - Aveiro - 4 a 8 de Abril de 1973



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A fotografia mostra a sessão de abertura do Congresso, com Álvaro Seiça Neves no uso da palavra (foto "Vida Mundial", nº 1531, de Maio de 1973). Vê-se nitidamente a cadeira vazia de Ruy Luís Gomes. Mais fotografias em O Congresso e A repressão. Ver mais informações em 3º Congresso da Oposição Democrática - Índice.

Tuesday, January 17, 2006

Maurice Fréchet (1878-1973)





Em 8 de Julho de 1936 António Aniceto Monteiro faz o Doutoramento de Estado em Paris, orientado por Maurice Fréchet, com uma tese intitulada “Sur l’additivité des noyaux de Fredholm”. Ver PORTUGALIAE MATHEMATICA, Fréchet, Conferências de Maurice Fréchet em Portugal, Fotografia de um conjunto de matemáticos.

Monday, January 16, 2006

PORTUGUESE MATHEMATICAL JOURNALS - SOME ASPECTS OF (ALMOST) PERIODICAL RESEARCH PUBLICATIONS (José Francisco Rodrigues)

Sunday, January 15, 2006

Transcrição do "Complemento ao curriculum vitae de Ruy Luís Gomes (vida política)"

Complemento ao curriculum vitae de Ruy Luís Gomes (vida política)

- Apoiou o Movimento de Unidade Democrática (M.U.D.) desde o seu início, tendo assistido à sessão histórica da sua fundação no Centro Republicano Almirante Reis, em Outubro de 1945.
- Foi Presidente da Comissão Distrital do Porto.
Foi preso, juntamente com outros elementos desta Comissão Distrital, por se terem recusado a entregar às autoridades do Estado Novo as listas de subscritores das reivindicações do M.U.D.
Anos mais tarde, foi, por esse motivo, julgado e absolvido.
- Em meados de 1946 foi preso pela PIDE, durante 30 dias, por motivo das suas actividades no MUNAF, mas não chegou a ser pronunciado.
- Foi preso em 1 de Janeiro de 1947, na sequência dos acontecimentos ligados ao funeral de Abel Salazar. Foi levado a tribunal de polícia, no dia seguinte, mas o julgamento não chegou a realizar-se e foi posto em liberdade.
- Demitido em 1947, do seu lugar de professor catedrático da Universidade do Porto. Afastado do serviço por telegrama do Ministro da Educação Pires de Lima, por ter reclamado contra a prisão de uma aluna, foi-lhe instaurado processo disciplinar, tendo o juiz instrutor proposto a aplicação de uma pena de seis meses de suspensão de exercício e vencimento. O chamado Conselho Permanente de Acção Educativa, presidido por Mário de Figueiredo, da Junta de Educação Nacional, agravou essa pena transformando-a em demissão. Recorreu, então, para o Supremo Tribunal Administrativo, mas foi-lhe negado provimento.
- Foi Vice-Presidente da Comissão Distrital do Porto da Candidatura do General Norton de Matos à Presidência da República em 1949 e sempre defendeu a necessidade de, após a candidatura, se prosseguir com um movimento unitário de democratas para reivindicação das liberdades fundamentais.
- Foi Presidente da Comissão Central do Movimento Nacional Democrático até à sua extinção em fins de 1956.
- Preso, juntamente com os restantes membros da Comissão Central do MND, em Dezembro de 1949, por protestar contra a prisão de um outro membro desta Comissão, José Morgado, ocorrida em Novembro do mesmo ano.
- Levados ao Tribunal Plenário de Lisboa em Abril de 1950, foi o julgamento interrompido em consequência da promulgação de uma lei de amnistia.
- Preso, juntamente com Virgínia Moura, em Junho de 1950, acusado de dar cobertura legal a uma tipografia que a PIDE considerava clandestina. O juiz entendeu que não havia matéria para incriminação e foi posto em liberdade.
- Na sequência de acontecimentos ocasionados pelo falecimento de Carmona, em 1951, o Movimento Nacional Democrático, apresentou-o como candidato à Presidência da República.
- Embora tivesse sido esta a única candidatura apresentada nos termos da legislação em vigor, alterações de última hora introduzidas na legislação, conferiram ao Conselho de Estado poderes retroactivos para rejeitar candidaturas à Presidência da República e, assim, a sua candidatura acabou por não ser aceite.
- Na noite de 3 para 4 de Julho de 1951, no final de uma sessão realizada no Cine Victória em Rio Tinto, foi violentemente agredido por uma força policial comandada pelo capitão Nazaré, sob as ordens do major Santos Júnior (comandante da P.S.P. no Porto).
- Juntamente com Virgínia Moura, Lobão Vital e José Morgado, teve de ser socorrido nos serviços de urgência do Hospital Geral de Santo António.
- Preso em Fevereiro de 1952 por ter, juntamente com Virgínia Moura, Albertino de Macedo, Lobão Vital e José Morgado, elaborado um documento PACTO da PAZ E NÃO PACTO do ATLÂNTICO, motivado pelo anúncio da primeira reunião do Pacto do Atlântico em Portugal.
- Julgado no Tribunal Plenário de Lisboa, foi condenado em três meses de prisão e multa.
- Preso pela PIDE em 19 de Agosto de 1954 por ter, juntamente com os restantes elementos da Comissão Central do MND, elaborado um documento condenando a política colonial do Estado Novo e defendendo a autodeterminação dos Povos, por ocasião de incidentes ocorridos em Goa, Damão e Diu.
- Foi então acusado de traição à Pátria e julgado em Junho de 1955 no Tribunal plenário do Porto. Foi condenado em 18 meses de prisão. Recorreram da sentença, aguardando em liberdade o resultado do recurso. Anulado o julgamento, recolheu de novo à cadeia em meados de 1956.
- Novamente julgado em meados de 1957 foi condenado em dois anos de prisão. Mais de metade deste tempo foi passado na Colónia Penal de Santa Cruz do Bispo, em Matosinhos, prisão especialmente destinada a presos comuns de difícil correcção; muitos destes presos eram dementes.
- Em Junho-Julho de 1956, sendo testemunha de defesa de Salomão Figueiredo e David de Carvalho, por ter referido expressamente um discurso de Salazar em que ele se afirmava “antidemocrata, antiliberal, autoritário e intervencionista”, foi pelo Presidente do Tribunal Plenário de Lisboa, Cardoso de Menezes, mandado três dias para a Cadeia do Limoeiro. A acusação estava então a cargo de Furtado dos Santos.
- Em 1958, aceitou um convite para ir trabalhar para a Universidade de Bahía Blanca, Argentina.
- Em 1962 aceitou o convite da Universidade Federal de Pernanbuco, no Recife, e aqui trabalhou até à Revolução de Abril de 1974.
- Em Dezembro de 1972, tentou vir a Portugal visitar sua Família e o Arquitecto Lobão Vital que se encontrava gravemente doente. Já no Aeroporto de Lisboa, foi-lhe negada autorização para permanecer em território nacional.
- No exílio, participou em vários movimentos a favor da amnistia aos presos políticos e contra as guerras coloniais.

Ruy Luís Gomes

Saturday, January 14, 2006

Excertos de "Investigação Científica" (cinco artigos publicados no Diário de Lisboa), de Ruy Luís Gomes

(...)(...)
Na concepção de W. von Humboldt, que veio a modelar toda a orgânica univeritária alemã nesse período [século XIX até aos nossos dias], estabelecia-se o princípio de que o ensino e a investigação científica deviam estar intimamente ligados, e ao lado das Academias e Universidades figuravam Institutos auxiliares com uma certa autonomia.
Ora, a ideia de Institutos onde a investigação científica aparece já como um domínio à parte, e a condição complementar de que os professores universitários devem ter também funções de investigador envolvem no fundo um novo conceito de ensino, que, revolucionário para 1809, se vai tornando no nosso tempo uma verdadeira banalidade. Com efeito, está aí formulado, num espírito de larga visão, o princípio moderno de que o ensino superior, tomado no seu sentido mais amplo, não pode ser uma simples rotina – pura transmissão de conhecimentos cristalizados em fórmulas definitivas, que, no limite, dão a “sebenta”, símbolo da ronceirice nacional – mas tem de ser também investigação científica, quer dizer, formulação de problemas em constante renovação. E só na medida em que se afirma como investigador é que o professor adquire possibilidades de se realizar integralmente, ensinando técnicas e criando discípulos.
Como disse o matemático António Monteiro, ao definir “Os Objectivos da Junta de Investigação Matemática”: “...nenhum professor poderá iluminar as suas lições com cores vivas e profundas se não tiver vivido os problemas que trata, se não tiver investigado na disciplina que professa” [António Monteiro – Os Objectivos da Junta de Investigação Matemática – Palestra radiofónica – Porto, Maio de 1944].
(...)
Portugal que, infelizmente, tem vivido à margem de todos estes grandes problemas, precisa de mobilizar todos os seus recursos; cada um de nós tem de pôr à prova todas as suas energias, para tentar recuperar o caminho perdido, inspirando-se na experiência e no exemplo das outras nações.
E os investigadores portugueses sentem-se na obrigação e reivindicam o direito de contribuir com o seu esforço e o seu entusiasmo para essa obra, de tão largo alcance para o futuro do nosso povo.
(...)(...)
– A investigação científica que foi inicialmente um simples complemento do ensino superior surge agora, por toda a parte, como uma função autónoma e permanente, que, pela sua importância e largas aplicações, transcende os limites da Universidade;
– Torna-se necessário concebê-la e organizá-la, dentro de cada país, numa escala nacional, pois só assim é possível utilizar e promover ao máximo os progressos da ciência em benefício exclusivo de cada povo e, portanto, da humanidade;
– O ensino tem de sofrer uma cuidada revisão por maneira que sirva para facilitar e não para entravar o ritmo de desenvolvimento da ciência; os professores, que antes de mais nada devem ser investigadores, precisam de incutir nos seus alunos, em todos os graus de ensino, o gosto pelos problemas científicos e a paixão pela investigação.
(...)
Facultemos à nossa juventude o acesso aos centros de trabalho do estrangeiro, contratemos para o nosso país grandes investigadores, criemos à sua volta autênticos Institutos de Investigação, tudo num espírito de ampla visão e profundo sentido de responsabilidades; quebremos de vez com o peso da tradição, a frouxidão nacional, a rotina e teremos dado um passo decisivo para a elevação do nível de vida do nosso povo.
(...)(...)
Reportando-nos ao processo que vem sendo adoptado, há mais de um século, com o maior êxito, por todos os povos civilizados, especialmente pelos Estados Unidos da América do Norte, para formar, num prazo relativamente curto e com as mais seguras garantias de eficiência, um amplo quadro de interesse colectivo capaz de funcionar com bom rendimento, verifica-se que ele se reduz, no essencial, à utilização simultânea e continuada de duas medidas muitos simples e muito naturais:
1 – Envio, em grande número, de jovens qualificados para os melhores centros de investigação do estrangeiro e do próprio país;
2 – Criação de institutos de investigação, que é como quem diz escolas de trabalho, à volta de investigadores já consagrados.
(...)
Fazemo-lo com vibrante optimismo e quase certeza de triunfo, pois, como tivemos ocasião de salientar no artigo anterior, nada nos autoriza a duvidar das qualidades criadoras da nossa juventude; tudo está em lhe assegurar boas condições de trabalho para realizar a sua preparação técnico-científica e ajudá-la depois a transformar o próprio ambiente nacional modelando-o por aquilo que tiver conhecido em países mais progressivos.
(...)
Desde que se perdeu a oportunidade excepcionalíssima que a guerra na Europa no ofereceu, quando tantos e tantos matemáticos, físicos, químicos, biólogos, etc., por aqui passaram a caminho da América, fugidos ao nazismo, não é agora, no momento em que os países libertados se preparam para a reconstrução e que não podem dispensar nenhum dos seus homens da ciência, que nós seremos capazes de os atrir para Portugal.
Deixámos fugir esse momento único para se tentar a criação de um grande Instituto de Investigação Científica e Técnica, e ainda actualmente quando algum investigador estrangeiro, por mero acaso, mostra interesse em trabalhar em Portugal, levantam-se diante de nós as mesmas dificuldades, as mesmas hesitações, as mesmas peias, e tropeçando aqui e acolá acaba por se inutilizar uma iniciativa de real interesse.
Sendo assim, fica-nos como segundo e único meio de enfrentar o problema com probabilidades de êxitos substanciais o de enviar os nossos jovens qualificados para os centros de trabalho no estrangeiro. Mas temos de o fazer, não em pequena escala como até aqui, mas em massa e por longos períodos como quem mandasse todo o país trabalhar durante uns anos para os países onde se sabe efectivamente trabalhar: Estados Unidos, Inglaterra, França, Rússia, Suíça, etc.
(...)
O futuro do nosso povo, em particular, o problema da investigação científica numa escala nacional pressupõe e exige essa mobilização!
(...)(...)
No nosso país, onde aquela associação de esforços [das universidades, da indústria e do Governo] nunca existiu, impõe-se naturalmente, antes de mais nada, a criação de um organismo capaz de inventariar rapidamente o pouco que há – nas universidades, na indústria, nos serviços oficiais – e pôr em marcha todo o plano de investigação científica a uma escala nacional.
Trata-se, portanto, de um organismo que, no seu aspecto político, quero dizer, como instrumento de governo ao serviço do povo, há-de enquadrar-se numa nova concepção de todo o problema português – à luz dos grandes princípios de liberdade e de justiça social pelos quais se bateram as Nações Unidas e que, a pouco e pouco, se vão implantando em toda a parte; e no seu aspecto científico há-de ser constituído por investigadores e técnicos que se tenham já afirmado pelos seus trabalhos, pela sua dedicação e pelo seu entusiasmo.
(...)
Voltamos assim a um novo aspecto do mesmo problema – o da escolha dos quadros dirigentes e técnicos e de investigadores – que já tivemos ocasião de salientar devidamente ao considerar o organismo que, em todo este plano, há-de superintender à organização e coordenação da investigação científica. Kapitsa, o célebre investigador que dirige o Instituto de Física da Academia das Ciências da U.R.S.S., ao analisar, num relatório de 1933, o problema da selecção dos trabalhadores científicos dos institutos de investigação, faz uma série de considerações que nos dizem alguma coisa daquilo que precisamos de ter bem presente entre nós a esse respeito. E fá-lo com a sua grande autoridade – a de ser um investigador de “primeira plana”.
“...Só quem possui verdadeiro talento criador, e assim se comporta na maneira de conduzir o seu trabalho, está em condições de conseguir importantes resultados numa grande ciência. Por esse motivo, a équipe que dirige um Instituto deve ser constituída por um pequeno número de trabalhadores científicos, cuidadosamente escolhidos. E essa équipe tem de se dedicar ao trabalho científico apaixonadamente.
O Instituto deve estar organizado de tal maneira que os investigadores possam dedicar às suas investigações não menos de 80 por cento do seu tempo, ficando os 20 por cento restantes para as outras formas de actividade.
Quem dedica apenas dez ou vinte minutos por dia para dirigir um trabalho científico nunca pode ser um grande investigador”.
O leitor verifica imediatamente que há um verdadeiro abismo entre as condições formuladas por Kapitza, no ambiente do seu notável Instituto de Física, e aquelas que se nos deparam ainda hoje em qualquer dos nossos grandes estabelecimentos – Universidades, Academia das Ciências, Instituto de Investigação!
Mas se quisermos colocar à frente de todo o plano de coordenação da investigação científica um organismo eficiente, temos de inspirar-nos na experiência de países assim progressivos. E, para que as nossas Universidades possam dsempenhar uma parte activa dentro do plano de mobilização nacional que urge iniciar, é necessário adaptar os seus quadros às novas exigências, libertando-se de todos aqueles elementos que não sabem ou não querem trabalhar.
São dois aspectos – no mais alto organismo de Investigação Científica e nas Universidades – do problema da escolha de quadros técnicos dirigentes, e temos de o resolver segundo um critério de elevada competência profissional, exclusivamente.
A consciência nacional assim o reclama!
Investigação Científica - cinco artigos publicados no Diário de Lisboa, 23-4, 14-5, 10-8, 10-9, 22-9-1945.
Ver:

Friday, January 13, 2006

GAZETA DE MATEMÁTICA, nº 150, de Janeiro de 2006





Já à venda!

Thursday, January 12, 2006

BOLETIM da Sociedade Portuguesa de Matemática, nº 53, de Outubro de 2005



Já à venda!

Wednesday, January 11, 2006

GAZETA DE FÍSICA

Já à venda!
Ver o Fascículo 4 Outubro de 2005
índice
>Nota de Abertura ver
artigos
>Ruy Luís Gomes, Episódios da Sua Vida, João da Providência ver
>Física das Redes Complexas, José Fernando F. Mendes ver
>Quando a Lua Oculta o Sol, Guilherme de Almeida ver
entrevista
>"Sabe-se Pouco Sobre o Terramoto de 1755", Entrevista ao geofísico João Fonseca Duarte, autor do livro "1755 O Terramoto de Lisboa" ver
notícias
>Física no Mundo ver
>Física em Portugal ver
secções
>Ensino da Física ver
>Olimpíadas de Física ver
>Livros e Multimédia ver
>2005 - Ano Internacional da Física ver
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Tuesday, January 10, 2006

Citação retirada de "O valor social da investigação científica"

(...)
Em conclusão, e no plano nacional, podemos afirmar que:
a investigação científica é hoje um factor essencial de qualquer organização de interesse colectivo;
a função de investigador tem o carácter de permanência de qualquer outra função de interesse social e assim deve ser encarada, tanto pelo Estado como pelos particulares;
a ciência pura não se poderá desenvolver em boas condições de continuidade e eficiência sem entrar em íntima colaboração com a indústria, fornecendo-lhe resultados e recebendo em troca sugestões para novos problemas.
A Universidade não pode justificar a sua existência, a indústria não pode legitimar os seus lucros, senão na medida em que, factores essenciais da economia da Nação, se tornem elementos activos e conscientes de uma elevação do nível de vida do povo português.
O valor social da investigação científica (palestra lida ao microfone de Rádio Club Lusitânia, 6-5-1944, e inserida na “Gazeta de Matemática”, n.º 19. Publicada, também, na “Gazeta de Coimbra”, 12-4-1944)

Monday, January 09, 2006

Excerto da introdução ao livro "Conferências e Outros Escritos" de Bento de Jesus Caraça


Introdução ao livro Conferências e Outros Escritos de Bento de Jesus Caraça:

À MEMÓRIA DE BENTO DE JESUS CARAÇA
(...)
As homenagens à memória de Bento de Jesus Caraça, após o 25 de Abril, podem e devem assumir formas de ampla participação popular, formas bem diferentes daquelas que os seus amigos e companheiros da luta antifascista organizavam, quase clandestinamente, durante o fascismo.
Relendo os diversos trabalhos que compõem esta nova edição, surge-nos como traço fundamental a sua personalidade de cidadão e de professor, preocupado sempre com a unidade.
E que unidade? Bento Caraça esteve sempre preocupado em conseguir a unidade dos portugueses em torno de um projecto de nova sociedade em que o nosso Povo conquistasse finalmente “as condições para o exercício democrático do poder”.
Se fosse ainda vivo, Bento Caraça estaria hoje ao lado de todos aqueles que defendem a Constituição da República, onde tal fórmula, que lhe era tão cara, está consagrada.
Foi sempre com uma extraordinária e aliciante capacidade de convivência e com uma extraordinária firmeza de carácter que se revelou, quer na Universidade, quer nas lutas cívicas; quer em memoráveis comícios de luta pelas liberdades democráticas, quer em simples palestras com os seus alunos ou os seus colegas.
Evocar Bento de Jesus Caraça, líder natural nas campanhas pela libertação nacional, Mestre incomparável, amigo de todas as horas, é lembrar todo um passado a que temos tanto amor e antever um futuro que esteve sempre presente no seu espírito e foi a grande chama que iluminou toda a sua vida.

Porto, Maio de 1978
RUY LUÍS GOMES

Sunday, January 08, 2006

Transcrição de "Bento Caraça - Grande Educador"


Bento Caraça
Grande Educador
por Ruy Luís Gomes

A Gazeta de Matemática, ao completar-se um ano de actividade, sente como seu primeiro dever, e bem doloroso ele é, o de recordar perante os seus leitores, na maioria jovens estudantes das nossas Universidades, a forte personalidade de Bento de Jesus Caraça, querido companheiro de trabalho e um dos fundadores desta revista (1).
E se é certo que, como professor do Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras e através da larga difusão dos seus livros – de ensino e de divulgação científica – Bento Caraça deu uma contribuição importante para a formação profissional da nossa juventude, no entanto, em meu parecer, foi pela ampla projecção educativa da sua vida exemplar que ele verdadeiramente se afirmou como um autêntico Mestre!
Na verdade, Bento Caraça pertenceu ainda a uma geração que fez a sua própria preparação, no domínio da Matemática, numa época em que as nossas Escolas Superiores estavam inteiramente enformadas pelo velho e desastroso conceito de que se pode ser um grande professor universitário sem nunca se ter patenteado, na análise exaustiva de algum problema concreto, a garra ou, pelo menos, o sentido de investigador.
De aluno laureado subia-se, pela mão de professores mais antigos até às culminâncias da cátedra e, uma vez lá, usufruía-se de um direito de propriedade, absoluto, em arrogante desafio às restrições que o progresso da humanidade lhe tem imposto inexoravelmente no âmbito das coisas materiais. E quantos catedráticos assim viveram e morreram, sem se aperceberem de que estavam traíndo a sua função de profissionais e educadores!
Bento Caraça, fez o seu curso sem nunca lhe ter sido apontado, estou certo disso, como único meio capaz de se chegar a ensinar, matemática ou qualquer outra ciência, o de primeiro aprender – num verdadeiro e estimulante ambiente de trabalho de investigação.
E quantas vezes o ouvi lamentar-se disso mesmo, ao analisarmos as grandes deficiências da nossa própria preparação e, o que é mais importante, as causas profundas do baixo nível científico e ético das universidades portuguesas.
Bento Caraça não foi, pois, um investigador, mas superando o meio em que foi educado e lançando-se desde muito novo nas tarefas do ensino, em breve se juntou aos que deram o primeiro passo para fazer triunfar nas nossas Escolas Superiores uma nova concepção da vida universitária.
Fundou com António Monteiro, Hugo Ribeiro, José Paulo e Manuel Zaluar a Gazeta de Matemática, ajudou a constituir a Sociedade Portuguesa de Matemática e, assim, facilitando o caminho aos mais novos, participou efectivamente na obra de renovação da cultura matemática iniciada em Portugal há cerca de 10 anos.
Vencendo as suas próprias dificuldades e tirando delas um ensinamento para facilitar a formação profissional da juventude, contribuiu em larga medida para que a investigação se tornasse uma primeira realidade, e, procedendo assim, deu um conteúdo real e progressivo à sua missão de educador.
Na verdade, que é um educador? É precisamente “aquele que propõe à juventude uma certa hierarquia de valores” (Julien Benda).
E a sua orientação é boa ou má, quero dizer, útil ou nociva ao interesse nacional e à causa mais ampla do progresso da humanidade, conforme a escala de valores que escolhe e aplica através da sua própria actuação de educador.
Neste sentido, Bento Caraça foi um grande educador!
Alinhando com aqueles que pretendem transformar as nossas Universidades em Centros de Investigação e verdadeiras escolas de trabalho, escolheu como primeiro valor, no domínio da sua actividade de professor, a subordinação dos seus interesses imediatos a um interesse superior – o da preparação profissional da juventude.
E sacrificando tudo, desde a cátedra, de que foi afastado, até às exigências de uma saúde precária, aos grandes valores morais – inteireza de carácter, sentimento de solidariedade e coerência de princípios – deu-nos a todos a melhor lição da sua vida.
O seu exemplo pertence ao património moral da nossa Pátria. O povo português nunca o esquecerá!

(1) Juntamente com António Monteiro, prof. da Universidade do Rio de Janeiro, Hugo Ribeiro, prof. da Universidade de Berkeley (Califórnia), José Paulo, prof. do Liceu de Lamego, Manuel Zaluar, bolseiro em Paris. Estas situações referem-se à actualidade.
Gazeta de Matemática, números 37-38, Agosto-Dezembro de 1948, pág. 4.

Saturday, January 07, 2006

ALBERT EINSTEIN - E=mc^2: o mais urgente problema do nosso tempo









Na terceira página: "Separata de LUSíADA, Vol. II - Outubro, 1955". Impressa em "MARANUS - PORTO". Exemplar propriedade do DMFCUL (ao qual se agradece) e que que foi oferecido, em Março de 1956, provavelmente, por António Luiz Gomes, irmão de Ruy Luís Gomes. Foi recentemente oferecido ao DMFCUL (igualmente se agradece ao ex-proprietário). Ver Os 60 anos dos bombardeamentos de Hiroxima e Nagasáqui - Excertos de um artigo de Ruy Luís Gomes no jornal «Avante!»

Friday, January 06, 2006

Citação retirada de "A relatividade – origem, evolução e tendências actuais"


(...)
Não é, porém, tarefa muito simples o descobrir a intervenção de todas as definições, especialmente naqueles casos em que estão em jogo noções primeiras e de emprego constante – da vida ordinária até aos domínios científicos.
Com efeito, desde o momento que se confunde um “hábito intelectual” com uma “necessidade lógica” [Jean Perrin, Les Éléments de la Physique, Prefácio, pág. 11] – ao hábito de raciocinar segundo uma determinada definição atribuem-se, imediatamente, características de necessidade lógica; e o que é simplesmente resultado de uma escolha entre muitas possibilidades, apresenta-se-nos como a consequência fatal de uma determinada proposição.
Não suspeitando sequer da existência de qualquer definição (a escolher entre muitas), tomamos por evidente e necessário o que é também definido.
Os espíritos superiores, verdadeiros génios da ciência, como, por exemplo, Einstein, têm o seu maior merecimento, a marca do seu génio, precisamente numa actividade crítica especial que lhes permite descobrirem o arbitrário onde tantos outros, por hábito ou erro de raciocínio, viam tão simplesmente um dado imediato.
Duvidando de raciocínios tocados já pelo automatismo do pensamento humano, por um lado, e, por outro, da evidência tantas vezes proclamada de afirmações e conclusões que ulteriormente se apresentam como pouco evidentes, é-lhes permitido, mercê de uma inteligência vigilante de si mesma e, por isso, incapaz de a si própria se atraiçoar, deduzindo e inferindo onde apenas lhe era legítimo definir para prosseguir, é-lhes permitido, dizíamos, resolver as grandes crises da ciência. Crises tanto maiores, mais fundas e, portanto, mais difíceis de resolver, quanto mais íntima se nos apresenta a conexão ilusória entre o imediato e o definido.
(...)

Thursday, January 05, 2006

Oferta da ES/3 Prof. Ruy Luís Gomes, Laranjeiro, Almada



Prato, em cerâmica, comemorativo dos 30 anos da escola, feito por professores da própria escola

Wednesday, January 04, 2006

Avenida Professor Ruy Luís Gomes - matemático, 1905-1984 [Laranjeiro, Almada]



É pena que a placa "Avenida Professor Rui Luis Gomes - matemático, 1905-1984" não tenha o nome correctamente escrito. Por detrás das árvores que se vêm à direita está a escola.

Tuesday, January 03, 2006

Escola secundária com 3º ciclo do ensino básico Professor Ruy Luís Gomes, Laranjeiro, Almada


Monday, January 02, 2006

João de Freitas Branco

João de Freitas Branco
1922
Nasce João de Freitas Branco no dia 10 de Janeiro, em Lisboa, no edifício do Conservatório Nacional, filho único do compositor Luís de Freitas Branco e de Maria Clara Dambert Filgueiras, sobrinha do maestro e compositor Luís Filgueiras. O facto de viver no edifício do Conservatório Nacional proporciona-lhe, durante a infância e parte da adolescência (até os 15 anos), a convivência directa com José Viana da Mota, de quem colhe preciosos ensinamentos e conselhos.
(...)
1939
Conclui o curso geral dos liceus no Liceu Pedro Nunes e matricula-se nesse mesmo ano no curso de matemática da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Entretanto, continua a estudar música, frequentando, agora já como aluno interno, o curso Superior de Piano, na classe de Campos Coelho. No Conservatório foi ainda discípulo de seu pai, Luís de Freitas Branco (Composição), Adélia Heinz (Piano), José Henriques dos Santos (Harmonia), Leonor Viana da Mota (canto) e Jorge Croner de Vasconcelos (Canto e Contraponto). Mais tarde, mas como autodidacta, prosseguiu os estudos superiores de Composição, Instrumentação e História da Música.
(...)
1944
Conclui a licenciatura em Ciências Matemáticas na Faculdade de Ciências de Lisboa e ingressa no grupo de investigação matemática dirigido por Ruy Luís Gomes. Nesta época, beneficia também da orientação de outros mestres como Aniceto Monteiro e Bento de Jesus Caraça (que era, nesta altura, talvez o melhor amigo de seu pai). Começa a desempenhar as funções de assistente de programas musicais na Emissora Nacional. É contratado pelo Colégio Manuel Bernardes para dar aulas de matemática.
1945
Prossegue os trabalhos de investigação matemática sob a orientação de Ruy Luís Gomes. Continua a dar aulas de matemática no Colégio Manuel Bernardes.
1947
Intensifica a sua militância política participando em acções de oposição ao regime de Salazar. No final do ano lectivo deixa de exercer as funções de professor no Colégio Manuel Bernardes e nunca mais voltará a dar aulas de matemática, muito embora os alunos o tenham eleito como um dos melhores docentes do colégio.
(...)
1955
É convidado pelo Professor Almeida e Costa a ingressar num grupo de investigação matemática, mas as suas actividades já então estavam demasiado absorvidas pela música para que pudesse aceitar. A 27 de Novembro morre seu pai.
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[Reproduzido de João de Freitas Branco]
Ver ainda Lopes Graça, por Leonor Lains, Bento de Jesus Caraça, por Leonor Lains, Luís de Freitas Branco
Ver a fotografia de Lopes Graça, Luís de Freitas Branco e Bento de Jesus Caraça em Segunda parte da revista VÉRTICE, números 412/413/414 (1978), dedicada a Bento de Jesus Caraça

Sunday, January 01, 2006

Fotografias de Ruy Luís Gomes com outras pessoas





Na segunda fotografia, a contar de cima, aparece Ruy Luís Gomes com Sottomayor Cardia.
Relativamente a estas fotografias, como relativamente a outras, solicita-se informações sobre a data, as circunstâncias e as identidades das pessoas representadas.