Friday, January 06, 2006

Citação retirada de "A relatividade – origem, evolução e tendências actuais"


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Não é, porém, tarefa muito simples o descobrir a intervenção de todas as definições, especialmente naqueles casos em que estão em jogo noções primeiras e de emprego constante – da vida ordinária até aos domínios científicos.
Com efeito, desde o momento que se confunde um “hábito intelectual” com uma “necessidade lógica” [Jean Perrin, Les Éléments de la Physique, Prefácio, pág. 11] – ao hábito de raciocinar segundo uma determinada definição atribuem-se, imediatamente, características de necessidade lógica; e o que é simplesmente resultado de uma escolha entre muitas possibilidades, apresenta-se-nos como a consequência fatal de uma determinada proposição.
Não suspeitando sequer da existência de qualquer definição (a escolher entre muitas), tomamos por evidente e necessário o que é também definido.
Os espíritos superiores, verdadeiros génios da ciência, como, por exemplo, Einstein, têm o seu maior merecimento, a marca do seu génio, precisamente numa actividade crítica especial que lhes permite descobrirem o arbitrário onde tantos outros, por hábito ou erro de raciocínio, viam tão simplesmente um dado imediato.
Duvidando de raciocínios tocados já pelo automatismo do pensamento humano, por um lado, e, por outro, da evidência tantas vezes proclamada de afirmações e conclusões que ulteriormente se apresentam como pouco evidentes, é-lhes permitido, mercê de uma inteligência vigilante de si mesma e, por isso, incapaz de a si própria se atraiçoar, deduzindo e inferindo onde apenas lhe era legítimo definir para prosseguir, é-lhes permitido, dizíamos, resolver as grandes crises da ciência. Crises tanto maiores, mais fundas e, portanto, mais difíceis de resolver, quanto mais íntima se nos apresenta a conexão ilusória entre o imediato e o definido.
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